quarta-feira, 29 de junho de 2011

Gibson Les Paul Reissue 1958 R8

Essa é uma reedição da Les Paul 58. O fabricante foi fiel às especificações originais: braço muito gordo, trastes muito baixos, corpo maciço (diferente das Les Paul atuais). Uma guitarra muito cara, rara, elegante e com excelente timbre. Ela foi trazida aqui para polimento de trastes, troca de cordas e regulagem. 
 






sábado, 18 de junho de 2011

O trabalho de trastes e a sabedoria do meu avô

Preâmbulo: meu velho avô - figura das mais queridas e sábias - é criador de curió. Ele já teve vários curiós vencedores de competições. No fim do ano passado ele teve toda a paciência de mostrar dois curiós dele. Ele me explicou como é o canto considerado de bom gosto pelos criadores, explicou o ciclo do canto, a quantidade de ciclos e outras coisas muito interessantes. Era tanto detalhe que eu fiquei impressionado.

Tentando ser bem didático, meu avô mostrou um curió que tinha um canto que considerado perfeito e de muita finesse e também mostrou outro curió que tinha particularidades no canto consideradas imperfeições. Por incrível que pareça, pra mim foi até fácil entender o que era o canto impecável de um curió vencedor de competições. E realmente eu fui achando mais bonito quando eu pude perceber as minúcias. Difícil e demorado foi perceber as imperfeições no canto do segundo curió. Há uma espera entre um ciclo de canto e outro. E eu tive que ficar sentado e ouvir muuuitos cantos pra poder perceber que havia uma nota, uma mísera notinha que realmente era meio trêmula e sem definição. Usando termos modernos: parecia uma daquelas notas erradas do Guitar Hero.

Fim do preâmbulo.

Agora veja as 3 primeiras fotos abaixo. Essa guitarra teve seus trastes trocados - não por mim. Ela foi trazida aqui para mera revisão de rotina. Acontece que eu queria mostrar para o dono a diferença entre os dois curiós. As três fotos de baixo mostram o resultado da minha limpeza da escala, remoção da cola escorrida e do arredondamento e polimento dos trastes. A resolução exagerada das três últimas fotos é proposital.


O desavisado ouve os passarinhos cantando e acha que é tudo igual. Mas você pode prestar um pouco mais de atenção e perceber que existe uma diferença entre o que é apenas funcional e aquilo que é funcional e que foi feito realmente com esmero e atenção máxima a detalhes. 

Com o tempo você pode perceber e separar melhor as coisas. Eu sou só o luthier chato que convida as pessoas a perceber isso.







terça-feira, 14 de junho de 2011

Gibson SG Custom 1968

Depois do Alvin trazer aquelas maravilhas para troca de trastes (sim, ainda estou devendo um post da strato!) foi a vez do Victor Gueiros trazer a SG pra reforma. Já fazia muito tempo que o Victor queria trazer a guitarra, mas eu sempre achei que essa SG não devia mais ser mexida. Essa guitarra já foi muito judiada pelos donos e pelo luthier incompetente que trabalhou nela antes. Essa guitarra era do Elmar Gueiros (pai do Victor) que parecia não ter conhecimento que essa SG é um instrumento vintage e delicado. O "luthier" que fazia reparos nessa guitarra também parecia não ter muita noção do que fazia e deixou rastros por onde passou: a eletrônica estava cheia de erros e o acabamento lateral dos trastes estava um lixo (com direito a danificar seriamente o filete lateral da escala. A primeira foto mostra como a guitarra estava quando chegou aqui). Eu achava que era melhor não trabalhar em cima dos erros do luthier anterior e também achava que um instrumento tão valioso não deveria ser mais usado e devia ser guardado.


Hefesto me iluminou com boa vontade e acabei refazendo a eletrônica da guitarra e trocando os trastes. Essa guitarra originalmente tinha um tone geral e 3 botões de volume (um para cada captador, sendo que o terceiro botão de volume ativava o captador do meio não importando qual ou quais estivessem selecionados pela chave de 3 posições. Esse é o mesmo esquema da Les Paul do Peter Frampton). Sugeri que mudássemos o esquema para o mesmo da PRS Chris Henderson: volume e tone individuais para os captadores da ponte e braço (assim como uma SG normal), mas o tone do captador do braço é um push-pull que é um liga-desliga do captador do meio. Refiz toda a eletrônica com os potenciômetros de valores e tipos corretos e usei os capacitores e resistores adequados (o Victor sempre usa muito os pots de volume pra controlar a dinâmica). 

O Victor havia me perguntado sobre a possibilidade de restaurar a pintura da guitarra. Disse a ele que não concordava. Minha idéia ao trabalhar com instrumentos vintage como esse é fazer as melhorias necessárias para um bom rendimento, mas nunca fazer nada que altere o visual. 

Os trastes usados foram Dunlop e encordoei com D'addario 0.10.

Essa é realmente uma maravilha de guitarra: muito leve, ressonante e com ataque das notas extremamente concentrado e detalhado. Antes a tocabilidade e o som estavam muito ruins e eu mal podia perceber o quão bom esse instrumento é, mas agora essa old lady está como merece estar. E talvez pronta pra mais 43 anos de rock.