segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Finalmente o Ronaldo Pessoa trouxe as guitarras dele pra manutenção. Ronaldo é guitarrista, produtor musical e dono do estúdio Trilha Sonora. A primeira guitarra que eu quero mostrar pra vocês é a Gretsch Brian Setzer. A coitada estava bem judiada e com trastes nesse estado horrível que vocês podem ver na primeira foto.

Eu sou chato de tanto que eu falo nisso, mas essa questão de trastes oxidados é um problema. Eu tenho leitores de outros estados e sei que em Brasília ou São Paulo isso não é um grande problema (são estados de climas muito secos), mas Fortaleza é uma cidade litorânea e aqui a oxidação é um problema. Corda de guitarra, computadores e até estruturas de prédios ficam deteriorados seriamente. Aqui é um milagre se uma placa-mãe de computador sobreviver por dois anos. No caso dos trastes, essa oxidação deles contamina as cordas e elas não duram nada. Solução: polimento de trastes sempre que se nota a "casquinha" marrom neles. A segunda foto mostra como eles ficam depois do meu polimento.

Essa Brian Setzer lindona foi encordoada com D'addario 0.11 e foi regulada com ação média. A Bigsby não lá um primor de estabilidade de afinação, mas o uso dessas tarraxas Sperzel (originais da guitarra) e a lubrificação da pestana ameniza o problema. 

E quando estiver faltando rock'n roll na vida de vocês é só ver um vídeo do Brian Setzer que o problema passa.








segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Fender American Standard Stratocaster Matching Headstock


Abraham Carlos (vejam o My Space dele aqui) já trouxe várias guitarras dele pra revisão e dessa vez ele trouxe sua Fender standard de guerra. É com ela que ele faz a maioria das suas gigs. O homem se empolgou com as possibilidades da ponte flutuante depois que viu o dvd novo do Jeff Beck, então fiz exatamente a mesma regulagem da minha Fender (vide post anterior). Por causa do excesso de uso em breve ela vai precisar passar por uma troca de trastes.


Essa strato é de 1995 e é de uma cor incomum: burgundy mist. A cor é tão incomum que cada pessoa que entrava na minha sala dizia que a guitarra tinha cor de alguma coisa. Teve gente que falou que ela é da cor de produto de maquiagem, de ameixa, de chocolate (sim, há daltônicos no mundo), de suco de uva etc. O headstock da cor do corpo é um toque muito bacana. Acho que a minha ficaria bonita se também tivesse.

Cliquem aqui se vocês quiserem ouvir o Abraham tocando com essa strato. 





segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Fender American Standard Stratocaster

Eu nunca tive uma guitarra Fender e eu sabia que no dia em que comprasse uma eu teria que fazer muitas modificações. Conforme vocês estão vendo nos posts, mesmo guitarras americanas caras podem ter defeitos. Às vezes são defeitos sutis, mas há defeitos grosseiros. No caso de uma guitarra minha, eu devo corrigir todos os defeitos pequenos ou grandes e ainda fazer as modificações que podem tornar a guitarra um instrumento mais fácil de se tocar. Não faz o menor sentido alguém perceber falhas em uma guitarra que pertence a um luthier – não dá pra ter uma guitarra minha fazendo propagando contra meu trabalho.

É óbvio que a primeira coisa a modificar estava no braço da guitarra. Os trastes originais eram muito pequenos, mal acabados, cheios de arranhões e deixavam a tocabilidade muito dura (ver foto 1). Trocar os trastes não é problema pra mim, mas meu receio era quanto à retirada da pestana. Os trastes que eu uso nas minhas guitarras (Dunlop 6000) são muito altos e em geral é necessário colocar um calço por baixo da pestana pra fazer a compensação da altura dos novos trastes (senão as cordas soltas ficam trastejando). O verniz do braço foi aplicado depois da instalação da pestana, portanto a remoção desta implicaria no descolamento do verniz na área ao redor e isso ia ser um reparo chato de fazer. Mas eis um defeito que acabou sendo benéfico: os luthiers da Fender erraram feio na altura da pestana, que estava muito alta. As cordas soltas estavam muito altas com os trastes originais e o que aconteceu foi que com os novos trastes (muito mais altos) a altura das cordas na casa 1 ficou perfeita pra mim. Muito obrigado, seus luthiers incompetentes!!!

Eu também não queria que os “pezinhos” dos trastes ficassem à vista na lateral da escala, então eu os escondi e consegui fazer isso sem ter que passar outras demãos de verniz no braço. Eu consigo fazer isso com uma resina que eu mesmo fabrico que adquire qualquer que seja a textura do verniz (ver foto 2). Legal, né?


Outra coisa que eu não queria era mexer no abaulamento da escala. Mesmo preferindo escala planas eu decidi usar essa guitarra do jeito que ela é (9,5 polegadas). Os trastes foram instalados e super polidos pra garantir um bom visual e maciez dos bends e vibratos (ver foto 3). Depois foi só hidratar a escala e fazer a devida regulagem. As cordas foram D'addario 0.11. Eu consegui deixar a guitarra bem confortável, ainda que com uma ação não tão baixa quanto as minhas Lunacy, que possuem escala bem plana (conheçam o trabalho do Pérsio aqui).


Como meu estilo de tocar envolve o uso intenso de alavanca (obrigado, Jeff!) eu preciso que a ponte fique flutuando (ver foto 4). Aqui cabe uma observação: eu adoro os materiais usados na ponte da Fender standard e os modelos 2010 agora possuem os carrinhos vintage na ponte moderna. Achei interessante. Antes que perguntem: não, ela não desafina muito. Eu não passo as cordas pelo rebaixador no headstock (ver foto 5), pois é mais um ponto de atrito pras cordas quando se usa a alavanca. Pra ajudar na afinação eu lubrifico a pestana e ajusto a tensão de molas. Já encomendei as tarraxas com trava da Fender.


Troquei o escudo original branco e sem graça pelo escudo branco perolado, que é bem mais bonito e que valoriza muito o visual do instrumento.

Fiz modificações na eletrônica. O capacitor cerâmico de 220pf (ver foto 6) serve pra controlar melhor a dinâmica pelo botão de volume sem perder o brilho. Mantive o capacitor de .22 no tone. De início eu coloquei os Rosar Dual Blade (Extreme hot na ponte e meu modelo signature no meio e braço). É claro que ficou muito bom, mas decidi passar mais tempo com os singles pra ver se consigo me adaptar a eles. Eu gostei dos singles Fender, mas achei o da ponte magro demais. Então coloquei Rosar: Hot 44 na ponte e True Vintage no meio e braço. O som tá uma cacetada, mas é provável que eu use o Vintage hot no braço pra sons mais ofensivos tipo SRV.


Eu não sou um bom guitarrista, mas sou exigente com guitarra e minha profissão exige isso. Mesmo ao comprar um instrumento de bom nível há uma série de modificações que o tornam melhor e mais bonito ainda.  




sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Gibson ES 335

Voltamos em grande estilo. Eu voltei ao blog e o Artur Menezes voltou a Fortaleza. O Artur (visitem o My Space do homem!!!) comprou essa 335 em SP e trouxe pra regulagem e troca de cordas. A escala da guitarra estava bem ressacada, as cordas estavam velhas e a regulagem não estava boa. Hidratei a escala, coloquei D’addario 0.11 e fiz a regulagem que o Artur prefere (com ação média-alta).